Como criar uma narrativa transmídia na comunicação da sua empresa

Entenda o que é narrativa transmídia, qual a sua relação com o conceito de Cultura da Convergência, e como aplicar essa estratégia na comunicação da sua empresa.

Para começar, a transmídia pode ser brevemente resumida em: utilizar diferentes tipos de mídia, que se complementam estrategicamente, para passar uma mensagem ou contar uma história.

Mas, se você quiser entender melhor este conceito, como ele surgiu, e como você pode aplicar a narrativa transmídia na comunicação da sua empresa, segue a leitura que vamos falar sobre tudo isso:

• O que é transmídia?

• A diferença entre transmídia e crossmídia

• O conceito da Cultura da Convergência, proposto por Henry Jenkins

• Aplicando na sua comunicação: como usar a narrativa transmídia para sua empresa?

O que é transmídia?

A transmídia se popularizou em decorrência do crescimento na quantidade de meios de comunicação. Mensagens que antes dependiam de meios impressos, ou no máximo da TV ou rádio, hoje chegam ao seu destino por infinitos meios, alguns inclusive abrindo espaço para a interação e participação de seu receptor, como é o caso das redes sociais.

Não é raro vermos conteúdos que se ramificam através dos canais, adaptando-se ao formato e ao perfil de público para ampliar ainda mais a experiência do receptor da mensagem.

Um exemplo de transmídia na prática: nossos textos do blog também estão disponíveis no formato “podcast”. Basta buscar pelo podcast da Agência Prosear, o “15 Minutos de Prosa” e você encontrará este conteúdo em outro formato, adaptado para as características próprias daquele canal (como um “roteiro” mais solto e descontraído, por exemplo).

Outro exemplo que já falamos por aqui é ‘The Last of Us’, a série da HBO baseada no jogo de mesmo nome. Ao mudar o canal de transmissão da mensagem (de "vídeo game" para “TV”), a história precisou adaptar alguns artifícios para se moldar ao novo formato. Nós falamos mais deste caso neste TikTok:

Sendo assim, podemos traduzir transmídia como a utilização de vários tipos de mídia para contar histórias e passar mensagens, utilizando cada canal com a melhor estratégia e explorando os recursos de cada meio.

Neste momento, pode surgir a dúvida: então se eu ver uma propaganda na TV e depois ver a mesma peça publicitária no YouTube, estou presenciando o uso de transmídia? A resposta é não. Neste caso, o recurso usado é Crossmídia, um nome até parecido e que confunde muita gente na hora de entender os conceitos. Mas vamos às diferenciações.

A diferença entre transmídia e crossmídia

Enquanto a narrativa transmídia se utiliza de vários meios e canais para explorar e complementar uma mensagem ou história, a adaptação de um mesmo material para diferentes canais é chamada de Crossmídia.

Sim, eu sei. Parece tudo a mesma coisa… Mas vamos separar de uma forma mais visual:

CROSSMÍDIA

• Uma mesma mensagem é adaptada para diferentes veículos.

  • Por exemplo: você assistiu a um comercial da Coca-Cola na TV, e depois, ao acessar suas redes sociais, assistiu ao mesmo material, com no máximo alguma adaptação quanto ao formato (mantendo-se a mensagem original).

• Neste caso, podemos dizer que o objetivo principal da crossmídia é aumentar o alcance de uma mensagem.

Em contrapartida, em TRANSMÍDIA

• Várias mensagens diferentes sobre um mesmo assunto ou tema são passadas ao receptor através de variados canais. Cada mensagem complementando e criando uma expansão ao “universo” da história que está sendo contada ao público.

  • Por exemplo: um streaming que deseja anunciar o lançamento de uma nova série. Neste caso, ele utiliza canais como TV e YouTube para lançar uma prévia do material, cria um podcast com os atores para falar sobre a série, utiliza de mídias OOH para reforçar a data de estreia para o público e ainda lança um aplicativo de celular com um jogo que se passa no mesmo universo da série.

• Desta vez, o foco do uso deste recurso foi o aprofundamento na mensagem que está sendo passada. Além disso, no exemplo acima, o streaming criou uma relação familiar entre o público e a série que irá estrear, aumentando a expectativa e aceitação do material, por exemplo.

Mas o conceito de transmídia é algo que ainda vem sendo muito estudado. Mesmo sendo mais recente, é um recurso que está sendo cada vez mais explorado pelas marcas.

Um desses estudiosos é Henry Jenkins, professor de comunicação e reconhecido pesquisador de mídia. Henry propõe o conceito de Cultura da Convergência, algo que conversa e complementa muito tudo o que falamos até aqui.

O conceito da Cultura da Convergência, proposto por Henry Jenkins

Para começar a entender este conceito, cabe trazer a explicação nas palavras do próprio autor. Para ele, a Cultura da Convergência “define mudanças tecnológicas, industriais, culturais e sociais no modo como as mídias circulam em nossa cultura”.

Para Jenkins, o grande fator decisivo para o crescimento dessa Cultura é o avanço da tecnologia e o crescimento das possibilidades de mídia, e com isso, uma mudança cultural da sociedade, deixando o consumo das mídias mais participativo.

Sendo assim, segundo o autor, é possível exemplificar a Cultura da Convergência através de três conceitos:

1. Convergência dos meios de comunicação: Uma ótima forma de ilustrar essa convergência é com a chegada dos smartphones. Com apenas um aparelho, as pessoas conseguem ter acesso a diferentes canais de comunicação. O mesmo aparelho que possibilita a comunicação participativa, através das redes sociais, também pode servir de veículo para notícias, através de portais informativos, e até entretenimento, com os streamings.
   

2. Cultura participativa: Este conceito parece ser facilmente associado às redes sociais, mas é algo que já estava presente mesmo fora da internet. Programas como reality shows, em que o público participa dos resultados, podem ser considerados um ótimo exemplo de Cultura Participativa. Ou até o famoso programa dos anos 90, o “Você Decide”, em que os telespectadores escolhiam, via votação por telefone, qual seria o final da história.
   

3. Inteligência coletiva: A ideia da inteligência coletiva pressupõe que “sozinho, ninguém sabe todas as coisas”. Desta forma, esse conceito é visível em momentos em que grupos se juntam para debater e discutir determinado assunto, como acontece em fóruns da internet e em redes como o Twitter, por exemplo.

Entendido o conceito da Cultura da Convergência, é preciso pensar: como isso pode ajudar na comunicação da minha empresa? Como aplicar a narrativa transmídia no dia a dia?

Aplicando na sua comunicação: como usar a narrativa transmídia para sua empresa?

Como pudemos ver, quando falamos em entretenimento, sobram exemplos de bom uso da transmídia. Mas é possível fazer uso dessa ferramenta na comunicação da sua empresa.

O primeiro passo é definir qual o objetivo da comunicação que será criada e que pautará seu storytelling. Por exemplo, se o objetivo for um rebranding da marca, a estratégia será diferente do que se o foco for o lançamento de algum produto.

Além disso, antes de mais nada, vale ver se a sua presença midiática está de acordo com o plano de narrativa que está montando. Como é a presença da sua marca nos mais diferentes canais? Claro que isso precisa estar alinhado com os objetivos da sua empresa. Por exemplo, para uma empresa com maior foco no B2B, não faz sentido estar presente no TikTok mas não estar no LinkedIn. Neste caso, cabe ver onde está seu target, e quais são as mídias que ele consome, para que você a narrativa construída chegue e faça sentido.

Construído este panorama de mídias, é importante definir qual será a função de cada uma no storytelling que está sendo desenvolvido. A ideia, em uma narrativa transmídia, não é todos os canais comunicarem a mesma mensagem, e sim cada mídia ser parte integrante e fundamental da mensagem, de forma complementar.

Tendo tudo isso definido, é hora de colocar a mão na massa e construir a ação. Mas atenção às peculiaridades de cada canal. Não adianta fazer um planejamento exemplar até este ponto, e depois produzir todos os materiais com a mesma “fórmula”. Cada canal possui um formato próprio e públicos com culturas de consumo diferentes. É muito importante se atentar a isso.

Resumindo, podemos ver como este é um tema que ainda está sendo objeto de estudo e de muitos testes, principalmente por parte das marcas.

Não é raro ver grandes empresas apostando em narrativas transmídias, algumas vezes de forma tão primorosa que se tornam até mesmo cases de sucesso.

O ideal é saber como se comunicar com seu público, e utilizar disso para expandir e até otimizar a comunicação da sua empresa.

Não sabe por onde começar? Vamos prosear!